sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Menino

Era menino

O tempo envelhecia
As folhas caíam

Era menino

As ideias mudavam
Fotos amarelavam
E desde menino aprendera as verdades
Que o vento da infância nunca ousou levar

E agora, que já era um menino
Sabia a quem devia agradecer
A quem devia contemplar
A quem devia, pelo menos mais uma vez
Fitar com o seu olhar.

Mesmo acostumado a ver com os olhos das flores
Decidiu mais uma vez mergulhar em sua poesia.

O menino, que desde menino, aprendera a amar
Encantou-se, como se fosse a primeira vez
Por aquele tão velho luar.

Já estava horas naquela posição
Anos até se tornar um menino.
E depois de tanto sentir
Percebeu que o principal brilho não vinha dali.

A sua então adorada refletia
Contemplava o verdadeiro luar.
Curioso, o agora menino vestiu-se de destemido
E foi um outro luar procurar

Despiu-se da antiga roupa
logo que avistou ao longe um pequeno palco
Num ato de pura sensibilidade
Percebeu de onde brotara a sua inspiração
Nos passos da misteriosa lua
Que pintava de colorido o tablado com as suas sapatilhas.

A deslizar, o menino não tinha mais dúvidas
Era sob aquele luar que ele se sentia em casa
Sensação gostosa, íntima.
Tocou piano enquanto a sua lua dançava

Assim ficaram.
E juntos tornaram-se meninos.