terça-feira, 20 de julho de 2010

Sexto Pedaço

Ele a conhecera em Fevereiro daquele ano
Quando ela o notara Abril já se fechava

Longe ficaram...
Trocaram pensamentos
Sonhos trocaram também
Mas longe continuaram...

Decidiram trocar algo mais legível para aquela situação
Emails
Um atrás do outro forram amarrotando as caixas de mensagens.


Do outro lado de onde ele estava, ela morava
No oposto de onde ela andava, ele residia

Cruzes! Eles não se cruzavam.

Num hiato entre um email e outro, ele relia todas as mensagens que dela recebia
Cada mensagem enviada era chamada por eles de “pedaços”
Pedaços deles mesmos

Mas o sexto pedaço que ele preparava era especial:

Abrindo aspas daqui pra frente...

Já é o sexto pedaço de mim que te envio. Confesso que eu to ficando bem viciado em tudo isso.
Quando cada pedaço de mim chega ao destino parece que eles se sentem em casa na sua presença.
E não pense que eu não me comunico com o primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto pedaços meus enviados anteriormente a você. Eu me comunico, sim
Semana passada me comuniquei com eles, todos disseram que estão com saudade de mim, porém que não largariam sua presença de forma alguma, já se habituaram a você, ou seja, são doidinhos por você, assim como o dono deles.
Nossa, meus pedaços de mim estão cada vez mais indo pra ai, o que sobrará de mim? Acho que vou me enviar por inteiro, e quando ai chegar, você terá que juntar cada pedacinho... e eu me tornarei novamente um só pedaço... pronto para te amar.

... A contra gosto fechando aspas.



quarta-feira, 14 de julho de 2010

Estranho Baby

Quando eu nasci não veio nenhum anjo safado dizendo que eu ia me dar mal etc e tal...


“Opa, que sorte, me dei bem” foi o que rapidamente pensei.

Mas também não lembro de angelicais mocinhas me pegando no colo e preparando colheradas de farinha pra colocar na papinha.

“Opa, que azar, me dei mal” velozmente raciocinei.

Hummm.... havia algo estranho!


Lembro-me desse “hummm” como se fosse anteontem (logo, não me lembro direito).

Seria eu um baby recém nascido que teria um futuro esbelto pela frente?

Ou

Seria eu um baby recém nascido que nem futuro pela frente teria?

“Nossa, que triste” exclamei, sem exclamação.

Naquela cidade tão linda e tão bela, cercada de terra por todas as partes, teria nascido o mais próspero dos filhos ou o mais esquecível dos seres de Marte?


Confesso que “Marte” só foi pra rimar... mas problemas não há.... é melhor aproveitar as pobres rimas de agora do que esperar poesia na hora do bebê aqui ir embora.

E a despedida da fase da Maternidade não foi nada poética. Tentei ainda levar uma prosa com a enfermeira, mas nada de papo, eu teria realmente que deixar minha velha morada de algumas horas.

Eu era (ou sou), [não-sei-muito-bem-quem-sou-eu-na-narrativa] um baby muito estranho. 

Minha perna direita era mais forte que a esquerda...

Que loucura mais louca, pensei eu.

Mas acho que é porque eu tinha malhado um pouco na barriga da Mamys.

Nossa, mas e essa perna direita? É mais comprida do que a outra...

Desesperei-me tanto que um parágrafo único, inteirinho para ele, esse desespero merecera.

Ah, desculpe-me. Nem sei o que falar agora.

(parágrafo de vergonha)

(parágrafo de vergonha II)

Na verdade, percebi ....

(parágrafo de vergonha III)

SIM, EU PERCEBI! Não era bem a perna esquerda que os meus olhinhos inéditos tinham acabado de ver...

Ah, vocês entenderam...

Mas como sou um baby educado , minha boca ainda não está treinada para falar esse tipo de coisas. Nem dente eu tinha.

Mas o que importa é que eu tinha nascido e finalmente poderia dar o ar das graças nesse novo mundo.

Se eu nasci para ter um futuro esbelto pela frente provavelmente saberei mais tarde...

Se eu nasci para nem futuro ter nessa vida também saberei...

Em breve voltarei a escrever um pouco da minha vida pós-nascimento.

Beijos do Baby!