quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Numa Vale Escura Esqueci Meu Coração

Numa vala escura esqueci meu coração
No lugar, ficou apenas um buraco
Sentimentos foram abocanhados
Compaixões desidratadas
E o amor, se mudou...
[Pois ali, já não dava]

Nesse deserto de sensações
Minha vida tornou-se opaca
Até meu eu lírico, nos ensaios
Como tenor cantava

Gritos desafinados eram entoados
A fim de alcançar meu perdido coração
Mas de nada valia tremendo esforço
Já que noutra freguesia batia desde então

Todo sentimento cabia naquele coração
De tanto bater, clareou a vala escura
De tanto irrigar, limpou
De tanto bombear, transformou-a num lindo caminho
Que todos haviam um dia de trilhar

E vendo de perto os feitos do meu coração
Como haveria eu de triste ficar?
Orgulhoso de uma parte de mim
Decidi aquele triste buraco fechar

Com as flores nascidas da antiga vala
Tapei sem hesitar a minha escuridão
Os sentimentos voltaram à tona
E logo encontrei em mim um novo coração.


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Promessas

Seguindo os grãozinhos de arroz deixados na terra molhada
O jovem forasteiro parecia voltar ao lugar onde tudo começou
Acompanhado por suas promessas cabisbaixas
Jurou mais uma vez que nunca mais.

Mais nunca devia se aventurar por terras próximas
Às distantes também não, pois tinha terminado o estoque de arroz
Desacompanhado por sua essência
Prometeu pela primeira vez que era o fim dos seus planos.

Mas como ele não era confiável
Enganou a si mesmo
E se sentindo o pior dos falsários inverteu a estrofe anterior
Seguiu viagem

Dessa vez escolheu o caminho que mais lhe convinha
Sem preocupação, sem grãos, sem limites
Parecia finalmente ter encontrado o seu caminho
E prometeu nunca mais se desviar dele.