segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Amor pra ninguém

O Amor que não existe
Que nunca foi inventado
Que vem após o fato consumado

O amor que eu nunca lhe ofereci
O amor que eu nem sei se tenho
E que me falta até seu significado

Dizem que amam por aí
Sugerem que amam por todo lá
Confuso, curioso, estranho
Nem sei ainda o que é amar.

Amar não é pra alguém
Amor é pra ninguém
É quando não há
Que surge então
A real possibilidade de amar




domingo, 4 de agosto de 2013

Sujo de sonho


Um terço de vida
Momentos rarefeitos
Um peso de vida

Bússola travada
Ponteiros desapontados
Um vão sem fim

Desalimentado de fé
De sorrisos
E de sossego

Olhos fitando o tempo
À espera da tal virada
Os pés tocavam o chão


Sujo de sonhos


domingo, 10 de março de 2013

Ataque

Pegou um estilingue, uma vara, um martelo.
Não adiantou.

Tentou então com uma faca, uma espada, um tijolo

Também nada.

Sem paciência pegou seu arco e flecha, seu revolver, um canhão

Nada acontecia.

Respirou, sentou. E com um lápis a mão desferiu violentamente vários golpes de palavras

Levando até o mais temível dos lutadores do coração...
Ao chão!



sexta-feira, 8 de março de 2013

Esconderijo



Em cima da mesa, no canto da porta entreaberta
Sobre uma leve pintura que despistava o passado
Adormecia a única folha de papel
Que não tinha sido arremessada para longe dos domínios do velho escritor

As suas vizinhas tinham sido transformadas em cartas, bilhetes, papeis que adornavam ramalhetes e guardanapos
Nunca mais gastaria a pouca força de seus punhos com movimentos que lembrassem qualquer forma de escrita

Nas madrugadas esquecia-se das promessas feitas e lembrava seu passado de jovem escritor
Imaginava, como num sonho lúdico, tudo que podia fazer dando luz a suas criações
Antes do ponto final decidiu se aventurar no traiçoeiro jogo das palavras
Dessa vez se precaveu; afinal de contas, ser reconhecido novamente, jamais.


Pseudônimo
Esqueceu-se de ser canhoto
E tratou de aprender novos movimentos com a munheca.
Ele não poderia ser descoberto.
Uma imagem a zelar, um medo de se expor e uma imensa vontade de perceber que alguém lhe dava valor.

Decidiu suprir sua carência emocional namorando todas as palavras que surgiam em sua mente carente de descanso.

Sentou-se na mesma poltrona de antigamente com toda sua insegurança e sonho.
O lápis tinha vida própria na mão do novo escritor que acabava de surgir. Mais um escritor no mundo, que beleza!

Era um sujeito diferente, ousado em suas artimanhas e capaz de expor toda profundeza que a sua aparente superficialidade não demonstrava.

O assunto era sempre o mesmo. Os personagens, repetidos. O enredo igual. Porém, canastrão como tal inventava formas variadas, adornadas e enroladas de dizer a mesma coisa...
O mesmo assunto...
O mesmo sentimento...


talvez me esconda nos meus escritos
 talvez te esconda nos meus escritos”