domingo, 10 de março de 2013

Ataque

Pegou um estilingue, uma vara, um martelo.
Não adiantou.

Tentou então com uma faca, uma espada, um tijolo

Também nada.

Sem paciência pegou seu arco e flecha, seu revolver, um canhão

Nada acontecia.

Respirou, sentou. E com um lápis a mão desferiu violentamente vários golpes de palavras

Levando até o mais temível dos lutadores do coração...
Ao chão!



sexta-feira, 8 de março de 2013

Esconderijo



Em cima da mesa, no canto da porta entreaberta
Sobre uma leve pintura que despistava o passado
Adormecia a única folha de papel
Que não tinha sido arremessada para longe dos domínios do velho escritor

As suas vizinhas tinham sido transformadas em cartas, bilhetes, papeis que adornavam ramalhetes e guardanapos
Nunca mais gastaria a pouca força de seus punhos com movimentos que lembrassem qualquer forma de escrita

Nas madrugadas esquecia-se das promessas feitas e lembrava seu passado de jovem escritor
Imaginava, como num sonho lúdico, tudo que podia fazer dando luz a suas criações
Antes do ponto final decidiu se aventurar no traiçoeiro jogo das palavras
Dessa vez se precaveu; afinal de contas, ser reconhecido novamente, jamais.


Pseudônimo
Esqueceu-se de ser canhoto
E tratou de aprender novos movimentos com a munheca.
Ele não poderia ser descoberto.
Uma imagem a zelar, um medo de se expor e uma imensa vontade de perceber que alguém lhe dava valor.

Decidiu suprir sua carência emocional namorando todas as palavras que surgiam em sua mente carente de descanso.

Sentou-se na mesma poltrona de antigamente com toda sua insegurança e sonho.
O lápis tinha vida própria na mão do novo escritor que acabava de surgir. Mais um escritor no mundo, que beleza!

Era um sujeito diferente, ousado em suas artimanhas e capaz de expor toda profundeza que a sua aparente superficialidade não demonstrava.

O assunto era sempre o mesmo. Os personagens, repetidos. O enredo igual. Porém, canastrão como tal inventava formas variadas, adornadas e enroladas de dizer a mesma coisa...
O mesmo assunto...
O mesmo sentimento...


talvez me esconda nos meus escritos
 talvez te esconda nos meus escritos”