Certa manhã não acordaram na hora de costume
Ficaram mais tempo na cama
Tinham decidido sonhar...
...Até mais tarde
Fizeram com que todos lembrassem
Que não há hora para o sonho
Nem sempre ele vem juntinho ao ato de se deitar
Mas é necessário saber que para ele acontecer
Ah, você sempre tem que acordar.
Enquanto um deles mantinha o despertador ligado a cada sonho
O outro conseguia fazer com que a cada dia
Seu sonho acordasse cansado e mal dormido
Cheio de olheiras, o sonho deste sonhava acordado a cada dia.
Já o daquele fazia Cooper, pois sabia que precisava se manter muito bem cuidado.
Se encontraram eles e os seus sonhos (às vezes respectivos, às vezes não)
Um fazia alongamento já prevendo o longo caminho que o esperava
O outro bocejava a cada passo, só não quando cuidava das câimbras.
E prometeram seguir
Depois de alguns degraus
O atlético sonho estava intacto reverberando saúde e determinação
Enquanto o preguiçoso já tinha parado mais vezes...
...Do que o número de degraus existentes naquela escadaria decisiva.
Munido de preguiça, o sonho retardatário oscilava entre “desistente e quase desistente”
Mãos no degrau, joelho no chão, lágrimas nos olhos
Queda seguida de decepção
Desistir? Não!
Mesmo manco o sonho ainda rastejava
E conseguia impor alguma coisa naquele rapaz.
E a subida continuava...
O Sonho maratonista já nem era avistado
- Não adianta binóculo, oh curioso sonho quase desistente!
Uma das opções de quem já caiu
É subir de qualquer forma
Sim, os fins justificam os meios e até os inícios,
Pensava o esfomeado sonho.
Dotado de sua visão meramente “umbigal”
Decidiu se apossar de todos os atalhos daquela escadaria
Praticamente se rebatizou, pois ninguém mais o conhecia
Armações aqui, atalhos e retalhos acolá
A rasteira foi dada por um dos seus próprios pés
Patinou, se trombou e caiu.
E como caiu.
Parecia que a escadaria tinha trocado de lugar com um precipício
Mãos no degrau, joelho no chão, lágrimas nos olhos
Bradou aos sete ventos
E aos cinquenta degraus
Que não mais o conhecia
Que nem sequer sabia
O que estava fazendo ali
E foi só na última queda
Que ele percebeu
Que o chão não era quebrado,
O piso não patinava,
Nem a escada era tão íngreme assim
E sim, a forma de pisar... Que não era adequada
O sonho... Que não foi bem cuidado
Quem o ajudou a perceber tudo isso?
O saudável sonho que já levantava seu merecido troféu
Lá no cume da escadaria
Com humildade ele lhe estendeu a mão
O levantou do chão
E o lembrou que é sempre tempo de recomeçar
Mas que pra sonhar, tem que acordar.