domingo, 6 de novembro de 2011

Retorcidos Sonhos

Descalça andava a confiança do forasteiro.

Numa corrida com a sorte
Para trás ficara
Antes mesmo do tiro inicial

Depois de tantas quedas
Pular barreiras era difícil
Transpor, impossível

Decidiu mudar de lado
Deu as mãos ao azar
E seguiu tortuosamente em linha reta
Até a última curva de sua vida.

Antes da derradeira virada
Lembrou-se do que havia catado
Em muitas das suas paradas:
Eram objetos, palavras e carinho.
Eram beijos, moedas e desejos.
Eram sonhos retorcidos, mas eram sonhos.

Estes dividiam espaço na poeira do seu bolso
De que matéria eram feitos?
Não se sabia.
Nunca se soube.
Mas sabe-se que sofriam de insônia. Isso sim.

Para o seu bem ainda estavam acordados
Mesmo depois de tudo que lhe ocorrera
Seus sonhos sofriam de insônia
Assim como a sua vontade
Como os seus desejos
Como o seu ímpeto que parecia deixar a latência de lado.

Eram retorcidos, empoeirados, quase esquecidos...
... Mas eram sonhos.

Um comentário:

  1. "E não, ao morrer, descobri que não vivi!" (S.P.M.)
    Encantada? Transbordada...
    Ludi Dattoli

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