segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O Senhor do Amor



Soube  nos búzios que o ano seguinte seria, no mínimo, um máximo
Observando atentamente seu mapa previu que o amor estaria em evidência
As cartas sugeriam acontecimentos marcantes, mas nada muito explícito

Não conformado com todas aquelas explicações abstratas
Correu até o vidente mais famoso do bairro
Antes mesmo de sua chegada triunfante, chegou a tal mensagem vinda além do além
Numa caligrafia impecável apenas se percebia a palavra “amor”.

Ainda sem entender o que aquilo significava
O curioso moço teve ainda que acudir o médium, que desmaiado, após tanto esforço
...despedia-se dessa existência mundana.

Oh Céus! Tamanho esforço teria sido em vão?
Não! Pelo menos a palavra “amor” tinha sido escrita pelas mãos do ex-vidente do bairro.

Ainda não conformado com todas aquelas explicações baratas
O sujeito dessa história invadiu centros espíritas , templos e terreiros
Analisou profecias, livros sagrados
E até tentou psicografar os outros dizeres daquele médium que morreu no outro parágrafo

Depois de entoar mantras desconhecidos para os próprios budistas
Decidiu utilizar a única mensagem que tinha conhecimento até então
E repetindo exaustivamente para não esquecer,
Toledo pronunciava o tal “amor”.

Era amor pra cá
Amor pra lá
Amor para todos os lugares
E para quem quisesse.
E para quem não quisesse também.

Levando ao pé da letra se apaixonou por todas
E quando não se apaixonava, adorava.
E quando não adorava, amava.
Verbos não faltavam para o novo Senhor do Amor.

E eis que chega a tal noite
Em que vestido de longos cabelos pretos chega o tal amor
Talvez o único e verdadeiro

Ele a tratou como mais uma
E mais uma ela foi
Embora.

O seu amor.

sábado, 10 de novembro de 2012

Quase


Com um não mais cheio de sim,
Negou qualquer possibilidade de mudança
O seu colorido mundo não precisava do preto e branco daquele rapaz
Ele era qualquer um daqueles, que fazia de sua vida uma conquista
Mas na dela, uma cruzada.

Com todas suas armas a postos
Tratou de diminuir milimetricamente a amplitude de seus sorrisos
Afinal de contas, essa seria uma arma letal contra qualquer sentimento vindo de lá

E de cá, o maléfico sentimento desferido pelo capataz de brilhante olhar
Parecia minar qualquer resistência que ainda lhe restara
Um crime
Um pecado
Dois absurdos eles eram.

Com um sim temeroso pelo não alheio
Afirmou a ela todas as possibilidades de mudança
Um balde de tinta pretendia arremessar bem naquela direção
Ela era uma daquelas que fazia da sua vida um desastre
Mas na vida do narrado rapaz, um milagre.

Com todas suas flores no bolso
Tratou de diminuir drasticamente a distância
Entre o coração pretendido e o que ainda pretendia

O plano do rapaz estava arquitetado
Nada poderia dar errado
Confiava no olho a olho
Pelo menos num dos

E sem enxergar o que ele via
De nada valia tudo aquilo
A poesia feita pra ela era indecifrável
Para percebê-la só alcançando um singelo estado
Um pedaço de simplicidade apenas

Com os olhos nus ele chorou seus sentimentos
Estrofes, rimas, versos sem pontuação
De nada adiantava
Os dela continuavam vestidos.